quarta-feira, 9 de abril de 2008

Chega de Saudade



•Sinopse

A história acontece em uma noite de baile, em um clube de dança em São Paulo, acompanhando os dramas e alegrias de cinco núcleos de personagens freqüentadores do baile. A trama começa ainda com a luz do sol, quando o salão abre suas portas, e termina ao final do baile, pouco antes da meia-noite, quando o último freqüentador desce a escada. Mesclando comédia e drama, Chega de Saudade aborda o amor, a solidão, a traição e o desejo, num clima de muita música e dança







Esse filme me emocionou e me inspirou muito...consegui ver minha amiga e eu velhotas no baile e até meu namorado, que já é praticamente igual à persongem Álvaro, mas eu não me imagino muito como Alice, tão doce e tolerante!
Com certeza depois de uns drinks eu acabaría esbarrando no velhote mais gato do baile e o convidaria pra dançar a música mais gostosa da noite! rs...


Encontrei uns comentários em outro blog e vou me atrever a transcrevê-los para cá. É muito parecido com o que eu pensei do lindo filme!
Vale muito à pena...

"Não tenho e não terei, aqui, a pretensão de escrever qualquer espécie de resenha sobre o filme que fomos ver - CHEGA DE SAUDADE, da diretora paulista Laís Bodanzky - eis que me faltam o domínio da técnica para tal e mesmo bagagem cinematográfica. Razão pela qual seguirei, como é rotina no balcão, pelos trilhos da emoção - pura e simples.

Penso que o filme, que é brasileiríssimo, custou muito pouco. Todo ele se passa no Clube União Fraterna, no bairro paulistano da Lapa (alô, Szegeri!), único cenário da história, e que no filme chama-se, é claro, Clube Chega de Saudade.

Passa-se no salão do clube, durante um baile, num desses bailões de salão, à moda antiga, onde quem desfila, a bem da verdade, é o Brasil. Eu disse, com os olhos ligeiramente marejados enquanto descia as escadas atapetadas do cinema:

- Quem não gostou do que viu, não gosta do Brasil!

Tive as mãos afagadas por uma velhinha, na casa dos 80, que me disse:

- É isso...

A história gira em torno dos pequenos dramas dos personagens, como o casal Alice (Tônia Carrero em comovidíssima atuação) e Álvaro (Leonardo Villar, idem, idem, idem!), casal cheio de manias e de mágoas, mas também cheio de carinho e de intensa ternura.

Gira em torno da jovem Bel (Maria Flor), namorada de Marquinhos (Paulo Vilhena), responsável pelos equipamentos de som do clube, e que se deixa levar pela lábia do típico malandro de salão, Eudes (Stepan Nercessian), para desespero de sua mulher, Marici (Cássia Kiss, a grande atuação do filme!), e também de seu namorado, ciumentíssimo.

Há ainda Elza (Betty Faria) e seu sofrimento pelo abandono e pela sensação de declínio, mulheres que amam homens casados e homens casados com amantes em volta, uma mulher rica, Rita (Clarisse Abujamra), que vai ao baile movida pelo tesão, e - grande personagem, esse!!! - o garçom Gilson (Marcos Cesana), perfeito como o garçom nosso de cada dia, aquele que tudo vê, tudo sabe, nada vê e nada sabe, se é que me faço entender, e que entende o drama de cada um e que age como verdadeiro anjo da guarda de bandeja em punho.

As histórias desenrolam-se não apenas num único cenário, mas também em uma única noite, durante o baile (repertório sem tirar nem pôr, retrato fiel dos bailões urbanos, e aqui mesmo, na Hadock Lobo, há o Clube Municipal que não me deixa mentir!) em que os cantores Elza Soares e Marku Ribas, fazendo o papel de casal-crooner da casa, dão show de bola.

Em tempos de estética-acima-de-tudo, de belezas impostas por parâmetros estranhos à nossa gente, fiquei felicíssimo por ver tão intensa exibição de mãos trêmulas, rugas mal-disfarçadas, marcas intensas de expressão, jogando pra escanteio o padrão que assola o mundo moderno, voltado apenas para a (falsa) perfeição de modelos que não chegam ao dedão do pé (mostrado inúmeras vezes!!!!!) da Tônia Carrero.

Não sei como se fala isso... Não sei se é fotografia... Não sei se é simplesmente a câmera do filme... Mas as tomadas (é assim que se fala?!) são comoventes, turvas quando são os olhos dos mais-velhos, cruéis na exposição das fraquezas, sinceras na crueza das emoções de um olhar, de um par de mãos, de quatro pés valsando.

Lembrei-me, no final do filme, agudamente, enquanto discutia sobre ele com minha menina diante de portentosas peças de sushi no glorioso Mitsuba, na não menos gloriosa Tijuca, de meus queridos Fernando Szegeri e Bruno Ribeiro que, se ainda não viram o filme, deveriam fazê-lo o quanto antes.

Os dois - digo isso sem medo do erro - amam o Brasil de forma torpe.

E amarão - cobrarei deles isso depois - o filme, como eu amei.

POSTED BY EDUARDO GOLDENBERG

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