quarta-feira, 12 de março de 2008

Ode descontínua e remota para flauta e oboé - de Ariana para Dionísio


Zeca Baleiro e sua parceria com Hilda Hilst Compositor musicou versos da poeta e produziu disco literário

Ode descontínua e remota para flauta e oboé - de Ariana para Dionísio.
O título não parece de disco, pode ser de livro. Mas aqui a Hilstória é contada por cantoras através de poemas de Hilda Hilst musicados por Zeca Baleiro, grande maestro do projeto.
Foi com amor de fã que Zeca enviou para a escritora Hilda Hilst seu primeiro trabalho, Onde andará Stephen Fry? (Universal, 1997). A grande surpresa foi, pouco tempo depois, receber um telefonema de Hilda, despejando sua obra para ser musicada por ele. Devorando um disquete com todos os trabalhos da escritora, Zeca Baleiro se encantou com a Hilstória do amor impossível de Ariana e Dionísio, que faz parte do livro Júbilo, memória, noviciado da paixão, de 1974.
Sem pressa, Zeca foi dando forma musical aos poemas, trocando idéias sobre métrica com a escritora e assim nasceu a inusitada parceria. As gravações começaram em 2003, e Hilda faleceu em fevereiro do ano seguinte.
Por se tratar de poemas sob um ponto de vista feminino, de Ariana para Dionísio, Zeca Baleiro pensou em um CD apenas com mulheres. Sem pressa, agendou gravações durante dois anos, driblando agendas e dificuldades geográficas.
As músicas não foram batizadas, são apresentadas como Canção I até Canção X, como capítulos de um livro. E a Hilstória é contada pelas cantoras Rita Ribeiro, Verônica Sabino, Maria Bethânia, Jussara Silveira, Ângela Ro Ro, Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Olívia Byington, Mônica Salmaso e Ângela Maria.
Os arranjos quase camerísticos realçam o lirismo da poesia épica de Hilda Hilst. A palavra está sempre em primeiro plano, as canções e as intérpretes souberam entender e respeitar.
A parceria de Zeca Baleiro e Hilda Hilst deu origem a um interessante disco literário. Não é música para ambiente, e muito menos para rádio. É música para ler.

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