domingo, 21 de dezembro de 2008

NA PRAIA...

Trecho do livro de Ian McEwan...

...Às vezes, chegava a uma bifurcação do caminho no fundo de um bosque de faias e pensava inutilmente que devea ter sido bem ali que ela fizera uma pausa para consultar o mapa naquela manhã de agosto, e ele a imaginava vívida, a pouco mais de um metro dele, fazia 40 anos, decidida a encontrá-lo. Ou então ele fazia uma pausa diante da vista do vale de Stonor e sepergutava se não teria sido ali que ela havia parado para comer sua laranja. Afinal, ele podia admitir para si mesmo que nunca encontrara ninguém a quem tivesse amado tanto quanto a amara, que nunca achará ninguém, homem ou mulher, que lhe igualasse em sinceridade (...)Não queria ver a fotografia dela e descobrir o trabalho dos anos, ou ouvir detalhes sobre sua vida. Preferia preservá-la do jeito que ela estava em sua memória (...)Quando pensava nela, parecia-lhe surpreendente que tivesse deixado aquela garota ir embora...Tudo aquilo que ela precisava era da certeza do amor dele, e da sa garantia de que não havia pressa, pois tinham a vida pela frente. Amor e paciência - se pelo menos tivesse conhecido ambos ao mesmo tempo - certamente os teriam ajudado a vencer as dificuldades..`. É assim que todo o curso de uma vida pode ser desviado - por não se fazer nada. Na prais de Chelsil, ele poderia ter gritado o nome de Florence, poderia ter ido atrás dela. Ele não sabia, ou não teria querido saber, que enquanto ela fugia, certa na sua dor de que o estava perdendo, nunca o amara tanto, ou mais desesperadamente , e que o som da voz dele teria sido seu resgate, e que ela teria voltado atrás. Em vez disso, ele permaneceu num silêncio frio e honrado, na penumbra do verão, a observá-la em sua precipitação ao longo da orla, o som do seu avanço difícil perdendo-se entre os das pequenas ondas a quebrar na praia, até ela ser apenas um ponto borrado, desaparecendo na estrada estreita e infinita de sixos brilhando sob a luz pálida.

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