domingo, 16 de novembro de 2008

“O homem está com saudade do homem, vamos reencontrá-lo” Antunes Filho

Prêt-à-Porter - coletânea 1

De acordo com Emerson Danesi, “ator-coordenador”, após a montagem de Drácula e outros vampiros (encenação carregada de elementos cênicos e um conjunto de 33 atores em cena), Antunes decide por buscar o simplório, o universal que existe no particular. “O homem está com saudade do homem, vamos reencontrá-lo”.

Não há sobressaltos ou grandes acontecimentos. Tudo acontece no “aqui e agora”. E, portanto, não há uma resolução, já que não podemos falar em conflitos ou peripécias. É a vida seguindo seu fluxo constante. Isto é Prêt-à-Porter: dois atores, poucas falas, silêncios, e os abismos da vida. Elas, as personagens, como nós, não percebem que a vida está no ordinário, nos pequenos instantes. E que a vida é, sim, o que acontece com você quando você está preocupado fazendo outras coisas.

A garota da Internet (foto acima) poderia ser o clichê do clichê não fosse a dramaturgia inteligente e Arieta Corrêa e Marcelo Szpektor, novamente, os atores que são. Arieta é a garota da internet. Marcelo Szpektor é o cara da internet. Após um longo período de bate-papo virtual, topam se encontrar. Ela, idiossincrática. Ele, nerd. A cena é fantástica. Pense num filme de Woody Allen temperado com personagens de Wes Anderson.


Ponto sem retorno, a última cena, é irrepreensível. Talvez seja a cena curta mais singela e tocante à qual eu tive a oportunidade de assistir. E, mais uma vez, não há nada demais. Dois amigos de longa data se reencontram numa festa. Reminiscências vêm à tona. Planos inacabados. Desacertos. São as escolhas pedindo o troco. Os silêncios são de uma agudeza lancinante.
Prêt-à-Porter - coletânea 1/CPT

3 comentários:

  1. i.di.os.sin.cra.si.a

    s. f. 1. Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa.
    2. Psicol. Qualquer detalhe de conduta próprio de determinado indivíduo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. My God!
    Acho que sei porque sonhei na noite anterior ao espetáculo que eu nem sabia que ia assisstir...que passei um dia inteiro numa loja de sapatos (os donos, judeus, até me deixaram escolhendo sapatos enquanto almoçavam um assado lindo), caríssimos e com a minha cara, super originais!!!
    E quando vi a garota da internet com aquela bota e aquele cabelo vermelhos iguais aos meus no sonho (a bota era muito mais bonita, floridinha)me identifiquei totalmente!
    Eu quero ser uma personagem de um filme de Wes Anderson

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