terça-feira, 1 de julho de 2008

UM POUCO MAIS.... de apenas fragmentos


Enquanto não encontro os meus fragmentos perdidos po aí num mundo real me distraiu no mundo dos livros...
Mais alguns trechos do livro A Sombra do Vento...

(...)O epílogo da história não melhorava as expectativas. No meio da manhã um furgão cinzento da delegacia havia deixadodom Federico jogado na porta de casa. Estava ensanguentado, com o vetido em farrapos, sem a peruca nem as bijuterias finas. Haviam urinado em cima dele, e ele tinha a cara cheia de contusões e cortes. O filho da padeira o havia encontrado encolhidos na porta de entrada, chorando como uma criança e tremendo...-Não é direito, não senhor. O coitadinho, é uma pessoa bondosa e não se mete com ninguém. Porque gosta de se vestir de mulher e sair cantando? E daí? As pessoas são muito malvadas...
-Malvadas não, observou Fermín. -Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta de estábulo, convencido de que está fazendo o bem de que sempre tem razão e orgulhoso de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou, como no caso de dom Federico, pelos hábitos que tem nos momentos do ócio. O que falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes.

(...)-Você gosta dele ou não?
Ela me ofereceu um sorriso que se desfazia pelos cantos.
-Não é da sua conta.
-Isso é verdade -falei. -è assunto só seu.
Seu olhar esfriou.
-E por que você se importa?
-Não é da sua conta - respondi...
-As pessoas que me conhecem sabem que gosto do Pablo. Minha família e...
-Mas eu sou quase um estranho - interrompi. - Egostaria de ouvir isso de você...
Ficamos nos olhando por um longo tempo em silêncio.
-Não sei...
-Alguém disse uma vez que na hora em que se pára para pensar se gosta de alguém, já se deixou de gostar da pessoa para sempre - falei(...)

(...)-Acalme-se ou vai criar uma pedra no fígado - aconselhou Frmím. - Cortejar uma mulher é como o tango: absurdo, pura frescura. Mas é você o homem, e é você quem deve tomar a iniciativa...
-Eu? A iniciativa?
-Está pensando o que? Poder mijar em pé tem que ter algum preço.
-Mas se Bea deu a entender que ela me procuraria.
-Como você entende pouco de mulheres, Daniel. Aposto que essa garota está agora em casa, olhando languidamente pela janela como Dama das Camélias, esperando você chegar para resgatá-la do idiota do senhor seu pai, para arrastá-la numa espiral incontrolável de luxúria e pecado.-Você acha isso?
-Pura ciência.
_ E se Bea decidiu não mais me ver?
Olhe, Daniel. As mulheres são mais inteligentes do que nós, ou pelo menos, mais sinceras consigo mesmas sobre o que querem ou não. Mas dizer isso para nós ou para o mundo são outros quinhentos. Você está diante do enigma da natureza, Fermín. A fêmea, babel e labirinto. Se a deixa pensar, está perdido. Lembre-se: coração quente, mente fria. O código do sedutor(...)
-As pessoas que me conhecem sabem que gosto de

(...)Certo dia, Julián adormeceu nos meus braços, exauto. Na tarde anterior, ao passar em frente à vitrine de uma loja de penhores, ele havia parado para me mostrar uma caneta-tinteiro exposta havia anos na vitrine e que, segundo o dono da loja, pertencera a Vitor Hugo. Julián nunca tivera um centavo para comprá-la, mas ia vê-la todos os dias. Vesti-me ás escondidas e desci até a loja. A caneta custava uma fortuna que eu não possuía, mas o dono da loja disse que aceitaria um cheque meu em pesetas de qualquer banco espanhol com sede em Paris. Antes de morrer, minha mãe me havia prometido que economizaria muitos anos para me comprar um vestido de noiva. A caneta de Vitor Hugo levou embora meu véu de noiva e, mesmo sabendo que aquilo era uma loucura, nunca gastei um dinheiro com tanta vontade. Ao sair da loja com o fabuloso estojo vi que uma mulher me seguia...Aproximou-se e se apresentou. Era Irene MArceau, a protetora de Julián...Só queria me conhecer e perguntar-me se eu era a mulher que Julián estivera esperando durante todos aqueles anos. Não foi preciso responder. Irene limitou-se a assentir e beijou-me o rosto. Eu a vi se afastar pela rua e soube então que Julián nunca seria meu, que eu o havia perdido antes de começar(...)

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