Poema de Fernando Gregh,
traduzido por Guilherme de Almeida,
"Chove",
Chove.
A vidraça chora.
O vento põe no parque um soluço de outono.
Range uma porta e bate, e parece que implora
numa voz de abandono.
Chove.
Dir-se-ia que milhões de alfinetes acertam
nos vidros frios
e se espetam.
Chove.
A vidraça chora.
O céu esconde a última nesga azul, que existe,
sob um manto cinzento e móvel.
Chove.
A vida é triste.
--- que importa!
Ulule o vento, bata a porta
e tombe a chuva!
Que importa!
Tenho nos olhos um clarão que nada turva,
tenho na vida um céu azul e imóvel;
tenho na alma um jardim ondulante de palmas
balançado em pleno anil por brisas calmas:
e eu penso nela!
Chove...
--- a vida é bela!".
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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